A mágica aventura de voar – uma breve história da aviação.

Em 20 de julho comemoramos o nascimento de Santos Dumont (146º aniversário, 1873-1932)

Quando nos encaminhamos aos aeroportos para viajar, nos deslocando de aeronave em aeronave para nossos destinos, não pensamos em quão árduo foi o caminho para chegar aos grandes modelos que temos na atualidade. Desde os primórdios, o homem acalentou o desejo de voar – alçar novos voos seria sinônimo de desbravamento – novas terras, novos rumos e menores distâncias. A história da aviação mundial compreende grandes vultos precursores do que é a aviação hodierna.

A mágica aventura de voar, uma breve história da aviação é um pequeno ensaio sobre como grandes homens contribuíram para a construção de um sonho. Não se trata de defender este ou aquele inventor, mas colocar cada um deles como contribuintes essenciais desse legado.

Clement Ader

Clement Ader foi engenheiro e projetor francês, em 1890, na cidade de Paris, França, foi o autor do termo Avion. Ele fez seu primeiro voo à propulsão por explosão a gasolina, num aparelho denominado Éole, percorrendo uma distância de 50 metros a 20 metros do solo. Esse feito não teve testemunhas e não houve registros da mídia e não provou a estabilidade e controle da máquina ao ar, mas a França considera Ader o precursor da aviação.

Clement Ader

Irmãos Wright

Em Kitty Hawk, na Carolina do Norte, Estados Unidos, em 17/12/1903, os Irmãos Wrigth, mecânicos de bicicleta, realizaram o primeiro voo motorizado de um aparelho mais pesado que o ar, através de uma catapulta. Eles alegaram através de um telegrama que teriam voado de uma colina por 260 metros com seu Flyer, uma aeronave improvável de 300 quilos e com um motor de 12 cavalos. Tal evento não houve testemunhos ou relatos da mídia, apenas uma nota, dias depois, num jornal local de pouca relevância. Os Irmãos Wrigth são considerados os pais da aviação nos Estados Unidos, porém seu feito carece de registros técnicos e históricos.
Irmãos Wright

Alberto Santos Dumont

O brasileiro Alberto Santos Dumont construiu e pilotou os primeiros balões dirigíveis movidos à explosão a gasolina. Dumont percorreu a Torre Eiffel com seu dirigível nº6, mostrando com isso que o voo mecânico controlado era possível.

Vale dizer que Dumont foi o primeiro a pilotar um avião impulsionado por um motor aeronáutico e o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido, sob os olhares atenciosos e oficiais de jornalistas, especialistas e centenas de pessoas.

Em 23 de outubro de 1906, no Champ de Bagatelle, em Paris, O voo do 14 Bis foi o primeiro voo certificado pelo Aeroclube da França como um aparelho mais pesado que o ar e a primeira demonstração pública de autopropulsão, sem a necessidade de rampa ou artefato de impulsão. Ele voou uma distância de 60 metros e a uma altura de dois a três metros com seu 14 Bis ou Oiseau de proie (“ave de rapina”, em francês). Dumont teria repetido o feito, no dia 12 de novembro de 1906, diante de uma multidão de testemunhas, tendo percorrido 220 metros a uma altura de 6 metros.santos-dumont

Santos Dumont recebeu o Prêmio Deutch, em 19 de dezembro de 1901, tornando-se uma das mais importantes celebridades do século XX. Recebeu muitas cartas-convites de pessoas influentes, políticos e monarcas parabenizando-o pelo feito e em pomposas celebrações em diversos países da Europa. O presidente do Brasil, Campos Salles, o enviou um prêmio em dinheiro no mesmo valor do Prêmio Deutsch, bem como uma medalha de ouro com sua efígie e uma alusão a Camões: “Por céus nunca dantes navegados”.

Entre tantos prêmios e celebrações, Dumont recebeu um convite do Príncipe Albert I de Mônaco, grande entusiasta da aviação e das ciências, para que continuasse suas pesquisas e inventos no principado de Mônaco, entre as ofertas estariam um hangar e todos os recursos que Dumont necessitasse para realizar seus estudos.

Santos Dumont também se destacava pelo interesse no alpinismo e no automobilismo, chegou a desenvolver um protótipo de helicóptero e mais de 100 inventos. De alma sensível e perceptível era um homem bem relacionado e à frente de seu tempo.

Sobre suas invenções o Pai da aviação considerava que

“As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso”.

Dirigivel n3 "Demoisele"

A obra-prima de Dumont foi a Demoiselle – pequenino e delicado como uma senhorita – também denominado dirigível número 20. Feita de bambu e coberta com seda envernizada, voava com um motor de 25-30 cv e pesava apenas 115 quilos, foi considerado o primeiro ultraleve da história, mas Santos Dumont não requereu sua patente. Esta foi a última criação do inventor que concebeu o chuveiro de água quente, o relógio de pulso, o dirigível, o ultraleve e o avião. Além disso, a genialidade de Santos Dumont concebeu a casa “A Encantada” na cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Entretanto, sua fama e seu reconhecimento como pai da aviação nacional não o permitiu viver em paz com sua consciência quando em 1932 viu sua maior invenção como arma de guerra na revolução constitucionalista – com esclerose múltipla e deprimido aos 50 anos, Santos Dumont despede-se da humanidade, no Grande Hotel La Plage, na cidade paulista de Guarujá, deixando um legado universal para o benefício de toda a humanidade.

“O homem somente se faz homem na relação com o próximo. O alicerce nas relações é a confiança recíproca. E às vezes somos iludidos pela confiança, mas a desconfiança faz com que sejamos enganados por nós mesmos”.

(Carta de despedida de Santos Dumont, em 23 de julho de 1932).

O post  A mágica aventura de voar – uma breve história da aviação. apareceu primeiro em Viajante HU | Dicas de Viagem, Roteiros Nacionais e Internacionais.